Qual é a melhor versão de si?
Uma das coisas em que habitualmente penso quando medito um pouco sobre a vida, sobre o que quero para a frente, o que me faz correr da maneira como corro, é precisamente isto.
Qual é a melhor versão de mim?
– Como líder?
– Como profissional?
– Como marido?
– Como pai?
– Como colega?
– Como amigo?
Poderá pensar: mas porque é que isto importa?
Aquilo a que eu chamo a melhor versão de mim depende do contexto, uma vez que consoante o mudamos, as nossas prioridades mudam também, a nossa forma de actuar muda, a nossa flexibilidade e tolerância muda…
Será que como líder eu me comporto da mesma forma que como marido?
À partida a sua cabeça estará já a abanar e a dizer que não…
Muitas vezes o que notamos é que não existe congruência entre as várias “versões” de nós.
Não que isso seja anormal, muito pelo contrário, poderá estar ligado ao passado e às experiências de vida ou não vida pelas quais passamos, por exemplo.
O que sabemos é que como pessoas e, se quiser, como líderes, porque todos os somos, quanto maior congruência existir entre os diversos contextos da sua vida, melhor será a sua capacidade de liderar e de “fluir” na vida.
Hoje gostaria de lhe propor um pequeno exercício para o fazer pensar.
Pegue numa folha de papel, ou se quiser faça isto no computador, com uma folha de cálculo, para ser mais fácil corrigir e alterar.
Desenhe um conjunto de colunas. Serão necessárias tantas colunas como os contextos da sua vida.
Pode, por exemplo, tomar como base a lista anterior, mas se aceitar a sugestão faça-o de uma forma moderada, ou seja, para já não exagere nos contextos.
Tomemos por exemplo apenas três:
– Líder / Profissional
– Marido
– Amigo
Quanto mais colunas colocar, mais o processo complica, por isso…
Agora pegue na primeira coluna e liste todos os seus valores. O que são valores? Pense neles como o seu sistema operativo.
Se tomar como exemplo o seu computador, ele tem um conjunto de regras ou programações que lhe permitem actuar ou fazer coisas.
Por outro lado, essas mesmas instruções podem não permitir fazer muitas outras coisas, devido precisamente à sua programação.
Se quiser, coloque a si próprio esta pergunta:
“De que é que eu não prescindo como “Profissional” (por exemplo) em termos de actuação?”
Uma forma alternativa seria imaginar:
“Se eu estivesse no meu próprio velório e já nada mais importasse ali estendido no caixão, o que é que as pessoas à minha volta diriam de mim?”
Quando pensamos desta forma começam a emergir algumas ideias. Por exemplo, em termos profissionais alguns dos meus valores são:
– Ajudar quem merece
– Contribuir
– Evolução Pessoal
– Família
– Honestidade / Integridade
Vamos seleccionar apenas 5 para simplificar o processo.
Não estão por nenhuma ordem específica, apenas estão listados para que tenha uma ideia mais concreta do que estou a falar.
Faça isto para cada uma das colunas!
Não existem limites ao número de valores que pode listar. Faça-o da forma mais completa possível.
Coloque-se mesmo no contexto, imagine as perguntas anteriores, mas estando associado a cada contexto.
Agora que tem a sua lista vai começar a ver uma coisa.
Alguns dos valores aparecem em mais do que uma coluna. O que é que isto quer dizer?
Poderá significar que se adequam a mais do que um contexto, mas poderá também ser um indicador, dependendo do valor em causa, de que para si ele é mais importante ou frequente do que os outros.
Agora foque-se apenas numa coluna.
E faça uma primeira ordenação por importância do valor para si.
Quanto terminar esta primeira ordenação, passaremos à fase seguinte.
Chamemos a esta parte validação de valores.
Pegue na sua lista e coloque a si esta pergunta para cada par de duas linhas.
Por exemplo, tomando como base a lista acima:
– Se só pudesse ter “Ajudar quem merece” ou “Contribuir”, qual deles é que escolheria?
Imaginemos que eu escolhia “Contribuir”.
Tomaríamos o “contribuir” e passaríamos à linha seguinte:
– Se só pudesse ter “Contribuir” ou “Evolução Pessoal”, qual deles é que escolheria?
Escolhendo o “Contribuir”, prosseguiríamos.
– Se só pudesse ter o “Contribuir” ou “Família”, qual deles é que escolheria?
Escolhendo “Família”, prosseguiríamos.
– Se só pudesse ter o “Família” ou “Honestidade / Integridade”, qual deles é que escolheria?
Escolhendo o “Honestidade / Integridade”, chegamos a uma nova lista de ordenação de valores.
Sei neste momento que o Valor mais importante para mim é “honestidade / integridade”.
A partir deste momento eu tenho o primeiro elemento de ordenação da lista. Tomaria agora o segundo e começaria de novo até ter a lista toda ordenada.
Se reparar, vai haver alguns valores em que não será fácil tomar uma decisão. Mas isso é mesmo parte do processo.
O que é engraçado é que quando fazemos este exercício começamos muitas vezes a descobrir porque é que em certas situações ou, se quiser, contextos, funcionamos da forma como funcionamos.
Esta semana pare um pouco para pensar:
“Qual é, de facto, a melhor versão de mim?”