As suas memórias prendem-no ao passado?
Muitos de nós ao passar por uma experiência negativa, temos tendência a guardar cá dentro todos os sentimentos negativos experimentados e voltar a eles sempre que necessitamos de realizar essa experiência novamente.
Por exemplo, vamos imaginar que no contacto com um colega ou cliente de trabalho tivemos uma discussão enorme, daquelas bastante feias.
Muitas das vezes isto é tão forte e fica de tal maneira marcado cá dentro, que quando temos de lidar novamente com esta pessoa, as emoções voltam a rebentar com toda a força.
Só de pensar nisto, só de imaginar que vamos ter novamente uma reunião com esta pessoa, começamos a sentir um aperto no estômago, as mãos a suarem exageradamente, o coração a começar a acelerar o seu batimento, enfim, todos aqueles sintomas que todos conhecemos muito bem.
Ora como é óbvio, nestas condições, com todo este nervosismo acham que conseguiremos realizar uma reunião em condições com esta pessoa?
Claro que não!
O que vamos apresentar a seguir são técnicas de Performance Pessoal e Auto Hipnose, que permitem atenuar e até eliminar todo este nervoso cá dentro de nós.
Uma das coisas a fazer quando temos uma discussão destas, prende-se com analisar o que é que correu mal na reunião ou o que é que despoletou este tipo de situação.
Mas claro que só vamos fazê-lo, imaginando que estamos novamente perante a pessoa e revivermos a discussão, com tudo o que ela tem direito.
Vermos a pessoa a nossa frente, a berrar, os perdigotos a voar, etc., vamos ter muita dificuldade de conseguir analisar friamente o que se passou.
Ao fazer isto iremos reviver todo o nervosismo e sensações que tivemos na altura.
Faça a experiência.
Feche os olhos e imagine uma discussão ou uma situação muito desagradável que tenha tido.
Veja o que viu, ouça o que ouviu na altura e veja se não começa a sentir todas sensações novamente no seu corpo.
Claro que sim.
Mas vamos agora fazer só uma pequena experiência.
Volte a fechar os olhos, mas desta vez imagine que está a ver a discussão numa tela de televisão.
Sentado confortavelmente na sua cadeira.
E que no écran está a passar um filme onde os principais intervenientes são Você e a pessoa com quem teve este problema.
Veja toda a experiência negativa a acontecer.
Pare e de olhos fechados, analise o que está a sentir.
Não nota uma diferença?
Claro que sim, ao sermos espectadores e não intervenientes no processo as sensações são em muito diminuídas ou até deixam de existir.
Chama-se a isto dissociar-se do problema.
É extremamente útil para analisar friamente uma situação complexa com grande carga emocional.
Desta forma, vai poder aperceber-se de todos os pormenores que poderão ter despoletado a situação e da próxima vez evitá-los.
Depois de já ter o entendimento do que se passou, existem várias formas de dessensibilizar a experiência dentro da nossa cabeça.
Uma delas envolve manipulação das imagens, sons ou sensações que fazemos quando recordamos tudo isto.
Quando fizemos o exercício anterior, quase de certeza que na sua cabeça, formou uma imagem ou um som ou por vezes uma sensação.
Curioso é que até apareceu num local espacial específico e tinha determinadas características.
Poderia ser um filme, poderia ser uma imagem parada, poderia ser a cores ou a preto e branco, o som poderia estar perto ou estar longe.
Vamos agora fazer uma nova experiência. Volte a fechar os olhos, reviva novamente a experiência, mas agora vamos jogar com os atributos da imagem ou do som.
Primeiro aproxime a imagem ou os sons de si, torne a imagem mais brilhante e duplique o seu tamanho.
Quando faz isso, o que é que aconteceu?
Na maior parte das pessoas, as emoções intensificam-se.
Agora vamos experimentar o inverso.
Em vez de aproximar a imagem ou o som, vamos (a – tirar este “a”) afastá-los cada vez mais de nós.
Tornar a imagem cada vez mais pequena, os sons cada vez mais distantes, até quase que desaparecerem no infinito, tornando-se num ponto pequenino.
O que é que acontece com as sensações?
Muitas das vezes diminuem.
Então uma das formas de diminuir todas estas situações negativas passa um pouco por este processo.
No outro dia estive a trabalhar com uma pessoa que tinha um medo imenso de falar em público.
Pedi para ela fechar os olhos e imaginar que estava a falar em público.
Pedi também que descrevesse os atributos da imagem que estava a ver.
De seguida pedi-lhe que começasse a fazer o processo que descrevemos anteriormente.
E foi com muito agrado que ela verificou que todo o seu medo diminuía e quase que desaparecia ao fazer diminuir a imagem no infinito.
Isto, hoje em dia, permite-lhe rapidamente, num momento de ansiedade, parar, usar esta técnica e tornar os níveis de ansiedade perfeitamente aceitáveis para poder executar a tarefa que tem em mãos.