Será que estou dentro de uma bolha?
Uma das coisas que me perguntam frequentemente como formador e como coach é porque é que as pessoas não atingem o que querem da vida.
Costumo enumerar três razões, embora o tema, como devem imaginar, não se esgote aqui.
“Não sabem o que querem da vida!”
Esta é básica… mas será que é?
À partida pensamos que sim, tem uma certa lógica, ou seja, se eu não sei para onde quero ir, como é que vou saber que lá cheguei?
A questão já não tão lógica é: porque é que a maioria das pessoas, sabendo isto de forma intuitiva, não se dedica a definir o que quer da vida?
Deixando de lado o básico, podemos mergulhar em aspectos mais psicológicos.
Pode ter a ver com o passado. Algo que defini que queria atingir e que nunca consegui, desenvolvendo deste modo uma frustração que me fez ficar parado no tempo, dentro da minha bolha.
Bolha?
Sim, a minha bolha onde tudo é perfeito e confortável. Será? Muitas vezes não, mas embora não perfeito, acaba por ser menos doloroso que aquilo que achamos que vamos encontrar cá fora.
Sendo que um dos motivadores principais das pessoas é a “dor”. Ao estar a associar mais dor ao sair da bolha do que ao ficar, acabamos por nos deixar iludir por isto e aí ficamos calmamente a ver a vida a passar ao nosso lado.
Poderemos pensar: mas como é que eu quebro este padrão?
Invertendo o padrão de pensamento e fazendo com que as pessoas associem mais dor a ficar na bolha do que a sair e a fazer algo de diferente.
Uma das coisas que pode funcionar com algumas pessoas é criar na sua cabeça uma linha de tempo.
O seguinte processo é feito de olhos fechados, num sítio calmo.
De olhos fechados porque como percepcionamos muita da realidade de forma visual, este tipo de processos funciona melhor quando cortamos os estímulos visuais externos.
De qualquer modo, se estiver sozinho ninguém estará a ver, por isso…
Feche os olhos e imagine que à sua frente tem uma estrada, estrada essa que tem do seu lado os habituais marcadores de distância.
A única diferença é que estes marcadores de distância, em vez de quilómetros, contam anos de vida.
Agora pense numa situação da sua vida na qual esteja preso e que não queira sair da sua bolha devido aos factores que falámos antes.
Imagine-se no quilómetro/ano zero.
Veja a situação actual, o que está a acontecer, o que as pessoas à sua volta lhe dizem, aquilo que sente. Ou seja, torne a experiência o mais real possível.
Agora imagine que começa a andar devagar ao princípio, mas rapidamente acelera o passo e começa a ver do seu lado os marcadores de tempo a passar.
Passa um ano, note o que as pessoas lhe dizem, como o que sente aumentou de tamanho, pense em todas as coisas que perdeu neste ano por não ter saído da bolha, na frustração que isso representa para si, e tudo o mais que se possa lembrar de aspectos negativos que resultam da sua inactividade.
Agora continue a andar.
Passa mais um ano, dois anos, três anos, quatro anos…
Continue a ver tudo o que falámos atrás a aumentar, a cada ano que passa tudo aumenta mais… e mais…
Note o que isso provoca dentro de si, todas as sensações, frustrações, dor e tudo o mais que possa imaginar que vá piorar.
Já reparou como, enquanto lia este pequeno exercício, as sensações dentro de si, e que foram despoletadas quando eu lhe pedi para imaginar uma situação da sua vida, foram crescendo?
Sentiu o desconforto? Talvez alguma frustração? Sentiu até por ventura alguma sensação corporal associada a tudo isto?
E estávamos só a ler…
Se fizer este exercício de olhos fechados, vai ver que será ainda mais forte e provavelmente chegará a um ponto em que a dor associada a ficar dentro da bolha irá superar a dor de sair e fazer algo diferente.
Se esse for o caso para si, está na altura de se calhar fazer algo de diferente na sua vida.
Se não for o caso, não faz mal, é apenas sinal que este poderia não ser o exercício ideal para si.
Mas não se preocupe, temos outros nos nossos workshops.
Esta semana pare um pouco para pensar:
“Será que estou dentro de uma bolha?”